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Dieese e SEEB/SE afirmam que banqueiros têm como pagar aumento real

Apesar das dificuldades atuais para a economia do País, os bancos públicos e privados continuam com lucros fabulosos e reúnem condições objetivas para atender as reivindicações da Campanha Salarial dos Bancários 2016/2017: reajuste inflacionário de 9,78%, mais aumento real de 5% e a garantia do emprego.  A afirmativa é da presidenta do Sindicato dos Bancários de Sergipe, Ivânia Pereira, que tem a concordância do economista do Dieese, Luis Moura. 

A categoria bancária está em plena campanha salarial unificada, nacionalmente. Lançada no início deste mês, as negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) começaram nessa quinta-feira, 18.

O assunto foi tema da reunião do SEEB/SE, realizada nesta sexta-feira, 19. Luis Moura apresentou aos sindicalistas o resultado de pesquisa do Dieese relativa aos lucros, no primeiro semestre de 2016, dos cincos maiores bancos (Banco do Brasil, Caixa Econômica, Bradesco, Itaú e Santander) e a situação do emprego bancário.

Segundo Luis Moura, os dados mostram que o lucro dos bancos em alguns casos teve queda, mas no geral continua extremamente elevado. Ele explicou que “o principal motivo para essa queda foi o aumento de provisões para devedores duvidosos, principalmente com operações da Sete Brasil e Oi”.

Demissões e fechamento de agências

Outro dado preocupante é quanto à onda de demissões nesse setor. No primeiro semestre de 2016, as instituições financeiras demitiram em todo o país 13.606 funcionários, e fecharam agências. Nos bancos privados, o Bradesco demitiu 4.478 funcionários e fechou 145 agências; o Itaú foram 2.815 demissões e 161 agências fechadas; o Santander demitiu 1.368 funcionários. No setor público, o Banco do Brasil fechou 2.235 empregos e fechou 116 agências e a Caixa fechou 2.235 empregos. Apenas a Caixa e Santander abriram novas agências, quatro unidades cada uma.

“No primeiro semestre de 2016, os cincos maiores bancos tiveram aumento com receita de tarifas e mesmo assim fecharam agência e reduziram o quadro de funcionários. Ou seja, estão trabalhando com menos bancários e arrecadando mais com os serviços oferecidos. Esse fato demonstra que os banqueiros não têm preocupação com o emprego dos bancários nem com o atendimento ao cliente”.

Segundo Ivânia Pereira, a onda de corte de pessoal e fechamento de agências é um dos grandes problemas que acarretam diretamente na saúde física e mental da categoria, com o aumento da carga de trabalho, a partir das metas abusivas. “O corte de postos de trabalho e de agência também reduz drasticamente as opções da população para utilizar o serviço bancário, bem como pelo número insuficiente de funcionários para atendê-los”, reforça Luis Moura.

Segundo o representante do Dieese, o fenômeno da redução do emprego nos bancos não pode ser justificado apenas pela introdução de novas tecnologias, como os aplicativos para celulares nos serviços bancários. “Por si só essas tecnologias não explicam o fenômeno das demissões, isso porque é alto o índice de registro de queixas nos Procons quanto à qualidade do serviço prestado em relação à demora no atendimento, dado as longas filas” afirma. 

 “Nessa campanha salarial, como em todas as outras, fica claro que os bancos podem sim zerar a inflação, conceder aumento real de salário e do piso salarial, bem como melhorar a Participação nos Lucros (PLR) dos seus funcionários. Mas, essa não será uma campanha fácil. Os bancários terão de se mobilizar como fizeram em toda a sua história mais recente para conseguir as conquistas”, afirma Luis Moura.

Por Déa Jacobina Ascom SEEB/SE