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Mistério sobre a reestruturação no BNB

A Associação dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (AFBNB) solicitou reunião com representantes do BNB para obter informações sobre pontos da reestruturação do banco. Por meio de ofício, no último dia 2, a AFBNB reproduziu as preocupações enviadas por trabalhadores do Banco de todas as áreas de atuação e alerta para os objetivos que podem estar por trás da medida.
Confira o teor do ofício na íntegra:

Assunto: Reestruturação no BNB – novo modelo de agências

Prezado Diretor,

O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) tem sido alvo de ataques ao longo de sua história, alguns mais intensos do que outros. Os últimos meses também não têm sido fáceis: alterações nas taxas de juros comprometendo o FNE, emendas e projetos que visam à utilização de recursos dos fundos constitucionais (FNE, em específico), “balões de ensaio” na imprensa econômica nacional sugerindo a incorporação dos bancos regionais ao BNDES, entre outros. Tudo isso em meio às diversas crises enfrentadas pelo país – econômica, política, de legitimidade e da democracia.

Para agravar a situação, em meio às incertezas e às dúvidas pós reforma trabalhista, os trabalhadores do BNB estão sendo impactados com a iminência das mudanças advindas do novo modelo de agências apresentado pela gestão do Banco recentemente. A AFBNB tem recebido questionamentos de funcionários de várias agências do Banco sobre o fato, carregados de apreensão, realidade que exige do Banco transparência e respostas tempestivas.

Relacionamos a seguir alguns aspectos que expressam referidas preocupações, com ênfase maior para a redução de pessoal nas agências, uma vez que é flagrante a carência de pessoal e crescente o incremento de negócios, sendo essa uma realidade da região e papel essencial do Banco em atender tal demanda:

- Redução do número de analistas bancários nas agências: Qual a justificativa plausível, bem como os critérios para a redução de pessoal?

- Redução do efetivo de pessoal em agências: Alguns estados citam a redução no número de funcionários em dezenas de unidades, envolvendo Gerente de Negócios Pronaf e caixas.  

- Alteração nas funções: Os funcionários questionam o desinvestimento de funções, a exemplo do GSN, e criação de nova nomenclatura em quantidade inferior, o que produz impacto negativo tanto para a agência quanto para o trabalhador.

- Fechamento de unidades em prol do modelo transformação digital – Um dos pontos apontados na apresentação do projeto é o desinvestimento em unidades em favor do uso de recursos digitais, eliminando postos de trabalho com mais fechamento de agências, sem que isso tenha ficado claro como irá acontecer.

As medidas anunciadas são demasiado preocupantes, pois, se os constantes ataques externos, ou seja, ações de fora para dentro, ensejam fragilizar o Banco, a reestruturação como posta tende a fragilizá-lo de dentro pra fora – o que vai na contramão da necessidade de fortalecimento do Banco - desequilibrando justamente quem sustenta o BNB no dia a dia, seus trabalhadores.

Será preciso um esforço muito grande do Banco para convencer que o modelo apresentado não vai na contramão do que se espera de uma instituição de desenvolvimento, como é o caso do BNB, principalmente na questão do atendimento e na qualidade do serviço prestado à sociedade. Isto por apontar na retirada de direitos, extinção de funções (e consequentemente redução salarial, neste caso), aumento de metas, pressão, entre outros aspectos que ocasionam adoecimento. Ou seja, no entendimento da AFBNB trata-se de uma tentativa de ajustar o BNB à lógica perversa do mercado, à maximização do lucro a todo custo, resultando no desmonte do banco - cuja natureza é estimular o desenvolvimento - política levada a cabo infelizmente pelo governo federal voltada aos demais bancos públicos.

É lamentável que o mesmo esforço para elaborar tal modelo não tenha sido desprendido para encontrar solução para questões sérias, históricas e estruturais que, se resolvidas, fortaleceriam o corpo funcional e o próprio Banco, a exemplo do plano de cargos e remuneração, melhoria dos sistemas/tecnologia, nos processos e na própria adequação da estrutura das agências à realidade de funcionamento.

A Associação endossa as preocupações dos funcionários, questiona sobre os reais motivos que estão por trás dessa estratégia e propõe a elaboração de um modelo participativo, com quem está no dia a dia na linha de frente do BNB. Além disso, alerta que, em se concretizando as situações citadas acima, não resta dúvida de que as mesmas gerarão passivos trabalhistas e, portanto, mais prejuízo para o Banco.

Fortalecer o Banco e valorizar seus funcionários deve ser o objetivo de qualquer mudança que venha a ocorrer, diferentemente de uma proposta de desmobilização de agências ou substituição de papéis que atendem tão somente a uma exigência do mercado. Um banco de desenvolvimento deve se pautar por outros parâmetros, que se direcionam, além do aperfeiçoamento da tecnologia e dos processos, em sua missão, que é o progresso social da região e de seu povo. Isso não está em conformidade com esse processo, que não privilegia a principal força que gera o verdadeiro valor para o Banco, que são seus trabalhadores e o clima organizaciona

Para tratar desse assunto, vimos solicitar reunião com V.Sa, com a urgência que o caso requer.

Sem mais para o momento, colocamo-nos à disposição para eventuais discussões.

 

Rita Josina Feitosa da Silva

Diretora-Presidente

Associação dos Funcionários do BNB - AFBNB