Notícias

Primeiro ano do governo Bolsonaro já foi marcado pelo retrocesso dos salários e relações trabalhistas

Opinião

Adilson Araújo, presidente da CTB

Desde que assumiu o governo Jair Bolsonaro elegeu a classe trabalhadora como principal alvo do seu ódio. Além da reforma da Previdência e inúmeras medidas para reduzir os direitos sociais o governo incentivou a redução dos salários, a destruição dos postos de trabalho formais e a precarização dos contratos e das relações entre patrões e empregados.

Apesar do tímido crescimento no número de empregos formais em 2019, a média salarial dos trabalhadores caiu 1,31% na comparação com o ano anterior, segundo informações divulgadas segunda-feira (26) pelo Ministério da Economia.

Em 2018 o país registrou 46.631.115 empregos formais, e em 2019, 47.554.211. Apesar do avanço, o número segue abaixo de 2013, 2014 e 2015, antes da reforma trabalhista (de 2017) quando o estoque chegou perto de 49,5 milhões de vagas.

O ramo da indústria em que o mercado de trabalho mais se expandiu foi da construção civil, com avanço de 9,64%. Foi seguido pelo comércio (2,56%), indústria de transformação (1,77%) e serviços, que teve uma alta mais modesta (1,44%) e é o setor que mais emprega no país.

A agropecuária registrou redução de 1,02% no emprego formal em 2019.

Também como resultado da precarização imposta pela reforma trabalhista, entre 2018 e 2019 houve uma redução nos contratos celetistas com prazo indeterminado, enquanto que os de prazo determinado ganharam maior peso — de 1,1% para 14% no período — entre os vínculos pela CLT no país.

Os dados também mostram que  o Brasil continua na tendência de reduzir os salários dos trabalhadores formais, o que já havia sido identificado em 2018. A remuneração média caiu de R$ 3.213,14, em 2017, para R$ 3.198,05, em 2018, e para R$ 3.156,02 no ano passado.

São os frutos concretos do golpe de Estado de 2016, que deu no governo Temer e culminou na eleição de Jair Bolsonaro. A situação da classe trabalhadora piorou sensivelmente neste ano com a emergência da pandemia do coronavírus e o agravamento da crise econômica.

Hoje o Brasil exibe um exército de desempregados diretos de 14 milhões de pessoas, aos quais se somam mais de 5 milhões de trabalhadores e trabalhadoras consideradas desalentadas por desistirem de procurar um novo posto de trabalho.

Menos da metade da população em idade ativa está ocupada e dezenas de milhões sobrevivem precariamente à base de bicos e subocupação. No trimestre terminado em junho de 2020, faltou trabalho para um recorde de 31,946 milhões de pessoas no País, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A população fora da força de trabalho atingiu o recorde histórico de 79 milhões de pessoas e taxa de subutilização da força de trabalho saltou para 29,1% no período, o que configura um desperdício colossal de forças produtivas. Uma tragédia econômica e social cuja principal causa é a política neoliberal orientada para o ideal de Estado mínimo advogado agora por Bolsonaro e Paulo Guedes.

O Brasil vive um impasse e o primeiro passo para encontrar uma solução favorável ao povo é derrotar o governo Bolsonaro nas eleições de novembro e abrir caminho para mudanças mais profundas no futuro orientadas para a consecução de um novo projeto nacional de desenvolvimento com democracia, soberania e valorização do trabalho.