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Pesquisa Vox Populi revela que trabalhadores brasileiros consideram os sindicatos importantes
Resultado da pesquisa joga luz sobre a percepção dos trabalhadores brasileiros acerca da importância dos sindicatos e do direito de greve
Uma nova e abrangente pesquisa "O Trabalho e o Brasil", realizada pelo Vox Populi e encomendada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Fundação Perseu Abramo, com o apoio fundamental do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e do Fórum das Centrais Sindicais, joga luz sobre a percepção dos trabalhadores brasileiros acerca da importância dos sindicatos e do direito de greve. Os resultados demonstram um apoio robusto e generalizado ao papel das entidades sindicais, desafiando narrativas de desvalorização.
O levantamento ouviu presencialmente 3.850 trabalhadores de diversas categorias, incluindo assalariados com e sem carteira assinada, autônomos, empreendedores, servidores públicos, trabalhadores de aplicativos, desempregados e aposentados, com uma margem de erro de 1,6 ponto percentual.
Reconhecimento à atuação sindical
Os dados são categóricos: 68% dos trabalhadores brasileiros consideram os sindicatos importantes ou muito importantes para a defesa de seus direitos e a melhoria das condições de trabalho. Mais de 70% defendem o direito de greve, reafirmando-o como uma ferramenta essencial na luta por melhores condições.
A satisfação com a atuação sindical também é notável, com 52% dos trabalhadores expressando satisfação ou muita satisfação. O reconhecimento se manifesta em números ainda mais específicos: 68% veem a contribuição direta dos sindicatos para a melhoria de salários e condições de trabalho, 67,8% para a melhoria das condições de vida, 67,1% para a negociação e mediação entre trabalhadores e empresas, e 64,3% para a defesa dos direitos. Esse reconhecimento é mais acentuado entre os jovens e nas regiões Nordeste e Sul do país.
Desafios e demanda por proximidade
Apesar do amplo reconhecimento, a pesquisa aponta que 52,4% dos entrevistados admitem não conhecer as ações concretas das entidades que os representam, indicando a necessidade de intensificar a comunicação. Quando questionados sobre o que os sindicatos deveriam fazer para representar melhor, as respostas são claras: maior presença no local de trabalho (49,4%), melhor comunicação (37,5%) e oferta de cursos de qualificação (29,6%).
As prioridades para a ação sindical também foram levantadas, com destaque para a busca por melhores salários (63,8%), geração de bons empregos (36,6%), saúde e segurança (26,6%), redução da jornada (21%) e combate à discriminação (18%). A pauta da redução da jornada para o fim do trabalho de seis dias para cada um de descanso, por exemplo, surge com força e deve ganhar destaque em debates futuros.
Autônomos e informais: um chamado à sindicalização
Um dos pontos mais reveladores da pesquisa diz respeito aos trabalhadores autônomos e empreendedores. Embora a taxa geral de sindicalização seja de 11,4%, um expressivo 14,6% dos entrevistados afirmam que com certeza se filiariam a um sindicato, e 35,9% consideram essa possibilidade. Entre os autônomos e empreendedores, quase metade (49%) gostaria de se filiar e 49,6% defendem a existência de um sindicato próprio para suas categorias, mesmo com as atuais barreiras legislativas.
Esse segmento, que compõe cerca de 38% da força de trabalho, anseia por representação. Muitos deles, que já tiveram carteira de trabalho assinada, expressam o desejo de retornar ao regime CLT (56%). Esse cenário impõe ao movimento sindical o desafio urgente de se aproximar desses trabalhadores, adaptar suas estratégias e encontrar caminhos para organizar e representar a crescente parcela da classe trabalhadora que atua em novas e diversas modalidades de trabalho, reafirmando a importância vital dos sindicatos na construção de um futuro de trabalho mais justo e equitativo.