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Bancos investem em tecnologia e cortam empregos. Tema de debate na 23ª Conferência da BA e SE

A nova morfologia do setor bancário: reestruturação e precarização do trabalho foi o tema da segunda mesa da 23ª Conferência da Bahia e Sergipe, que aconteceu neste sábado (31/7), por videoconferência. Em sua exposição, a economista e técnica do Dieese Viviam Machado mostrou como as transformações tecnológicas vem diminuído os postos de emprego no setor.

O setor financeiro tem investindo cada vez mais em tecnologia nos últimos anos, com a digitalização das transações financeiras, o uso da inteligência artificial, expansão das fintechs e novos modelos de negócios. Aposta também em novos modelos de trabalho, com o home office, agências digitais, agentes autônomos de investimentos, pejotização e uberização dos serviços bancários. A pandemia do coronavírus aumentou ainda mais todas estas questões.

 

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Segundo Viviam, em 2020, os gastos em tecnologia nos bancos foram de quase R$ 26 bilhões, uma alta de 8% em 12 meses. O investimento tem dado resultado. Em 2020, 67% das transações bancárias foram feitas pelos canais virtuais, resultado potencializado pela pandemia e a criação do PIX, que já tem 93,6 milhões de usuários.

Este investimento tem gerado também a redução da categoria bancária. Foram fechados 82.698 postos de trabalho para a categoria entre 2013 e 2020, enquanto cresceu em 117.915 o números de vagas para outros trabalhadores do setor financeiro. Os bancos estão também fechando agências e postos de atendimento.

Para Viviam, com o cenário de crise econômica sem prazo para a retomada, as pressões competitivas das fintechts e plataformas amplificadas com o Open Bank e PIX, é provável que a reação mais imediata dos bancos para retomar o patamar de resultado dos últimos anos se concentre em uma dupla estratégia de redução de custos fixos: despesas de pessoal e despesas administrativas. Ou seja, mais demissões e fechamento de agências.