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Movimento sindical cobra dos bancos compromisso com saúde mental dos trabalhadores
Comando exige que os sindicatos sejam protagonistas na implementação das NRs 1 e 17. Reunião conta com a participação do presidente do SEEB/SE, Adilson Azevedo
Em reunião com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) nesta segunda-feira (30), em São Paulo, o Comando Nacional dos Bancários — que contou com a participação do presidente do Sindicato dos Bancários de Sergipe (SEEB/SE), Adilson Azevedo — focou na saúde mental dos trabalhadores e na implementação das Normas Regulamentadoras (NRs) 1 e 17.
O movimento sindical entregou aos bancos uma cartilha de orientação para trabalhadores que precisam se afastar por saúde, explicando doenças comuns, medidas das empresas e caminhos para buscar ajuda. A Fenaban, por sua vez, ficou de apresentar em próxima reunião uma cartilha com diretrizes sobre assédio e ambiente de trabalho saudável, material que não conseguiu produzir a tempo.
Normas Regulamentadoras e o Assédio
Os trabalhadores exigem participação direta na implementação da NR-1, que trata de Segurança e Saúde do Trabalho. O movimento bancário tem detectado que muitos bancos estão implementando a NR-1 sem a participação sindical, o que é inaceitável. Para ser efetivo, qualquer programa de gerenciamento de riscos psicossociais precisa de: atuação conjunta, construção paritária, foco nas causas do adoecimento (metas, assédio), transparência nas avaliações, um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) construído com a base e cuidado com os trabalhadores adoecidos (sem perda salarial ou de carreira).
A cobrança se estende à integração da NR-1 com a NR-17, que adapta as condições de trabalho ao bem-estar dos funcionários. Contudo, o setor bancário impõe o contrário, exigindo que os trabalhadores se adaptem às metas abusivas, que comprometem a saúde. "Os programas de metas são exemplos cabais disso", observa Mauro Sales, secretário de Saúde da Contraf-CUT.
Saúde Mental: Principal Causa de Afastamentos
O movimento sindical reforçou a cobrança para que os bancos assumam o compromisso com a saúde mental. "Sabemos que o fluxo de trabalho e a exigência de metas cada vez mais altas impactam na saúde física e mental das bancárias e bancários. Mas estamos tendo dificuldades, pois os bancos não reconhecem isso", destaca Neiva Ribeiro, coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta do Sindicato de São Paulo, Osasco e Região (Seeb-SP).
Dados do Dieese revelam que, em 2024, doenças mentais e comportamentais foram responsáveis por 55,9% dos afastamentos acidentários e 51,8% dos previdenciários na categoria. LER/DORT ficou em segundo lugar. O secretário-geral da Contraf-CUT, Gustavo Tabatinga, aponta que, apesar de representar apenas 0,8% do emprego formal no Brasil, a categoria bancária respondeu por 2,81% dos afastamentos acidentários gerais em 2024.
Os porta-vozes da Fenaban, de forma absurda, tentaram justificar os problemas de saúde mental como "multifatoriais", chegando a relacionar o aumento do vício em jogos de azar com o adoecimento. Mauro Sales rebate: "Essa foi uma clara tentativa de esconder a verdadeira causa dos altos níveis de adoecimento mental entre os bancários: os programas de metas, assédio moral, pressão por resultados, falta de funcionários etc. Ou seja, a forma como o banco organiza o trabalho”.
A Secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes, pediu explicações à Fenaban sobre a demissão de uma bancária ameaçada de morte por ex-companheiro após buscar auxílio nos canais do banco. A Fenaban informou que irá averiguar o caso.
Próxima reunião e censo
A Fenaban apresentou propostas de divulgação para o 4º Censo da Diversidade, previsto para setembro. A próxima Negociação Nacional sobre Saúde Bancária, sem data definida, aguarda a apresentação da cartilha da Fenaban com diretrizes de combate ao assédio no ambiente de trabalho.
FONTE: Portal da Contraf