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'Café com Direito' reafirma luta por ambientes laborais livres de adoecimento
Público teve acesso ao debate qualificado sobre redes e ‘estratégias de combate ao assédio moral e à subnotificação de doenças ocupacionais’
O seminário “Café com Direito” promoveu um debate qualificado sobre ‘Assédio e Doença Ocupacional & Subnotificações: estratégias de combate para a proteção dos trabalhadores’. O evento, focado na proteção da saúde dos trabalhadores e no direito do trabalho, aconteceu no último sábado, dia 25 de outubro, no auditório do Sindicato dos Bancários de Sergipe (SEEB/SE).
O seminário reafirmou o compromisso histórico do SEEB/SE na defesa da saúde física e mental da categoria. O evento destacou a importância da solidariedade de classe, do enfrentamento à subnotificação de doenças (especialmente as de origem mental) e do papel essencial dos sindicatos no combate ao assédio, bem como na mediação entre trabalhadores e órgãos como o Cerest e a Fundacentro. Reunindo especialistas do MPT, Justiça do Trabalho, Auditoria, Medicina e Advocacia Trabalhista, o seminário promoveu um diálogo plural em prol de ambientes laborais mais saudáveis, seguros e livres de violência.
A plateia, bastante ativa, contou com estudantes e comitivas de centrais sindicais como a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/SE), CUT e UGT Conlutas.
Instituições parceiras
O presidente do SEEB/SE, Adilson Azevedo, abriu o evento saudando a importância das parcerias e da rede de apoio, que incluiu: Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Sergipe (SRTE/SE), Ministério do Trabalho e Emprego, Rede de Estudos em Direitos Humanos na Transnacionalidade, Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Grupo de Estudos de Direitos Humanos (GEDH).
O evento contou com as intervenções do procurador do MPT/SE, Raymundo Lima Ribeiro Junior; da professora-doutora Luciana Aboim (UFS); do professor Mestrando Júnior Silva (UFS); do desembargador Thenisson Dória (TRT20); da auditora Fiscal do Trabalho de Sergipe, Daniela Vasconcelos Fonseca; do médico perito judicial, José Rivaldo Santos; e dos advogados trabalhistas Breno Nunes e Jane Tereza.
A advogada trabalhista Jane Tereza afirmou “eventos como este, promovidos pelo SEEB, reacendem em mim a chama que me move há mais de 34 anos na advocacia. Lembram-me de que não estou sozinha nessa caminhada por um mundo mais justo, com ambientes de trabalho verdadeiramente humanos, saudáveis, seguros e livres de violência. Como disse Fernando Birri, ‘a utopia está no horizonte’, e é justamente essa utopia que nos impulsiona a ‘esperançar’, fazendo dela o motivo e a inspiração para continuarmos caminhando”.
A subnotificação é estratégia patronal
Em sua abordagem sobre o "Convênio entre o MPT e a Fundacentro para o combate à subnotificação das doenças laborais", o procurador Raymundo Lima denunciou: "a subnotificação de acidentes do trabalho é a regra no Brasil, e a estratégia de ocultação do adoecimento do trabalho é proposital, não é negligência. Há um interesse patronal de não notificar, por questões óbvias".
Ele destacou que a invisibilidade da doença mental e o assédio moral são cruciais, pois "a doença mental é mais invisível do que as doenças ou acidentes típicos". O procurador reforçou que o convênio MPT/Fundacentro visa justamente combater essa subnotificação e garantir a segurança dos trabalhadores. Ele lembrou que, desde 2006, o perito do INSS tem o dever de ofício de enquadrar a condição como doença do trabalho, embora a falta de estrutura muitas vezes impeça a ação.
Projeto Caminhos do Trabalho
O professor, advogado e mediador judicial Júnior Silva apresentou o Projeto Caminhos do Trabalho, uma iniciativa nacional que visa enfrentar a ocultação do adoecimento laboral.
“É um esforço coletivo que envolve universidades públicas, o Ministério Público do Trabalho, a Fundacentro, a Secretaria de Inspeção do Trabalho e a EBSERH. Nosso objetivo é simples, mas profundo: garantir que o trabalhador adoecido tenha seus direitos reconhecidos e protegidos! Quando olhamos os dados nacionais, a realidade é alarmante, pois a cada 15 acidentes, apenas 1 chega oficialmente ao sistema do governo. Essa subnotificação tem consequências sérias. O trabalhador perde direitos previdenciários e trabalhistas. É por isso que o projeto Caminhos do Trabalho é tão importante”, afirmou.
Por Déa Jacobina Ascom do SEEB/SE