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Bancária sergipana publica artigo sobre saúde mental no setor bancário
Os resultados da pesquisa podem servir como base para a criação de políticas públicas e para a implementação de medidas preventivas nas instituições financeiras
A bancária Jéssica Nascimento, também secretária da Juventude do Sindicato dos Bancários de Sergipe (SEEB/SE) publica artigo científico, intitulado “Direito do Trabalho e Saúde Ocupacional: Uma Avaliação do Risco à Saúde Física e Mental no Setor Bancário de Sergipe”, na revista científica de âmbito nacional FT Qualis B12. O artigo fez parte da coletânea de estudos jurídicos da Faculdade de Negócios de Sergipe (Fanese), publicada em 26 de novembro de 2024.
A pesquisa, realizada com 341 bancários sergipanos, revelou dados alarmantes sobre a saúde dos trabalhadores do setor. Quarenta por cento dos entrevistados afirmaram ter doenças relacionadas ao trabalho, como problemas musculares e a síndrome de Burnout, causada pelo excesso de trabalho e estresse.
A pressão por metas, as longas jornadas de trabalho e as condições ergonômicas inadequadas são alguns dos fatores que contribuem para o adoecimento dos bancários. Além disso, a pesquisa mostrou que muitos trabalhadores desconhecem seus direitos e não registram os casos de doenças relacionadas ao trabalho, o que dificulta o acesso a tratamento e indenização.
A publicação desse estudo é um marco importante para a luta dos bancários por um ambiente de trabalho mais saudável e seguro. Os resultados da pesquisa podem servir como base para a criação de políticas públicas e para a implementação de medidas preventivas nos bancos.
Leia abaixo um resumo do artigo, feito pela própria autora:
Direito do Trabalho e Saúde Ocupacional: Uma Avaliação do Risco à Saúde Física e Mental no Setor Bancário de Sergipe"
O estudo examina os impactos das condições laborais na saúde dos trabalhadores bancários, com foco nas questões ergonômicas e nos desafios relacionados à saúde mental, tendo como objetivo geral analisar os efeitos das condições laborais na saúde física e mental dos bancários, com três objetivos específicos: explorar a relação entre o Direito do Trabalho e a saúde ocupacional; detalhar regulamentações sobre ergonomia e saúde mental; e mapear os principais riscos enfrentados pelos trabalhadores.
Os resultados da pesquisa realizada mostraram que 40% dos bancários que responderam ao questionário possuem doenças relacionadas ao trabalho, incluindo problemas musculoesqueléticos e transtornos mentais, como a síndrome de Burnout. Esses problemas são exacerbados pela pressão por metas inatingíveis, cobranças abusivas e condições ergonômicas inadequadas. Além disso, mais de 30% dos trabalhadores estão doentes e desconhecem as causas de suas enfermidades, e poucos registram o Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT), dificultando o acesso a direitos. O estudo incluiu questionários aplicados a 341 bancários, no qual apenas 26,6% dos profissionais que sofrem de doenças relacionadas ao trabalho têm o registro de Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT), e 26,4% chegaram a se afastar pelo INSS. Notavelmente, mais de 11,1% dos afastamentos estão ligados à saúde mental, mostrando um crescimento alarmante, enquanto 7,3% estão relacionados a problemas físicos e 7,9% são causados por ambas as condições.
A pesquisa destacou a importância da NR 17, que orienta a adaptação das condições laborais às necessidades dos trabalhadores. No entanto, a falta de cumprimento dessas normas contribui para o aumento do adoecimento. A relação entre fatores ergonômicos e psicossociais, como estresse e ansiedade, é central no estudo, evidenciando um ambiente laboral competitivo e hostil.
Falando ainda de saúde mental vale ressaltar que o Ministério da Saúde, por meio da Portaria 1.999, publicada em 27 de novembro de 2023, incluiu a Síndrome de Burnout na lista de doenças associadas ao trabalho. Embora o termo não esteja diretamente definido na legislação trabalhista brasileira, sua prevenção está vinculada às obrigações de empregadores quanto à saúde e segurança no trabalho, conforme a CLT e Normas Regulamentadoras (NRs).
Ainda não há uma NR específica para riscos psicossociais, mas o PL 3588/20, proposto pelo deputado Alexandre Padilha, busca criar diretrizes para prevenir e gerenciar esses riscos, abordando fatores como excesso de trabalho, assédio e má gestão organizacional. Transtornos mentais relacionados ao trabalho já são a terceira principal causa de auxílio-doença, representando 23% dos casos analisados pelo INSS. E em Sergipe, a Assembleia Legislativa aprovou uma Política Estadual de Atenção à Síndrome de Burnout, com ações integradas para diagnóstico, tratamento, campanhas educativas e parcerias intersetoriais, visando melhorar a saúde mental dos trabalhadores.
Em Sergipe as condições laborais dos bancários superam os índices nacionais de adoecimento, exigindo intervenções urgentes. Entre as recomendações estão: implementar diretrizes ergonômicas rigorosas, ampliar a conscientização sobre os direitos trabalhistas e combater práticas abusivas no ambiente de trabalho. A colaboração entre sindicatos, empregadores e órgãos reguladores é essencial para criar ambientes laborais mais saudáveis e seguros.
O estudo contribui significativamente para o debate sobre saúde ocupacional no setor bancário, fornecendo bases para ações futuras de conscientização e intervenção.
ASCOM do SEEB/SE